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Sentimentos e convivência

Atualizado: 9 de out. de 2022

Os sentimentos nos convidam a ir em lugares internos que muitas vezes nos tiram das rotas previstas.


Sim... trazem o ineditismo da vida para ser experimentado, porque junto dos sentimentos tem a emoção que nos movem, por vezes, sem sabermos, ao certo, o que borbulha dentro.


Quantas vezes a forma sugerida para lidar com sua raiva, uma emoção presente em nossa condição humana, foi se acalmar que passa? Provavelmente, muitas vezes.


Isso é histórico, criando uma cultura de anestesia do que sentimos. As ideias, pensamentos ordenadores e caóticos, foram, em muitos momentos das construções relacionais em esferas distintas, vistas como maneiras de dominar comportamentos, mas principalmente, sentimentos que nos guiam para potência de sermos nós mesmas e nós mesmos.


Principalmente, mulheres foram, em muitas situações, obrigadas, para que pudessem ser menos julgadas e, em casos mais extremos, manter sua integridade física, sua vida, a abrir mão do que sentiam e sentem, silenciando desejos, impulsos, sonhos. Sim. Toda e qualquer opressão é perversa.


Sentir nos apresenta ao mundo da subjetividade, portanto da não linearidade. Não há uma sequência lógica e nem uma equação matemática garantindo que tal sentimento ou emoção resulte em tal desfecho. Como isso é estranho para o ser humano. Temos necessidade de controle por estarmos acostumadas a ser forte para dar conta da vida.


Percebo nitidamente esta falsa sensação de controle ao escutar histórias de conflitos, principalmente entre casais, quando o disparador da situação confrontante é a certeza de que determinada ação vai desdobrar em uma resposta única para tamanha demonstração de afeto. Receber flores sempre será motivo de felicidade e plenitude. Será???


O que me afeta conta sobre minha intimidade. Receitas são excelentes para cozinhar, mas mesmo assim o toque especial, o tempero que é de cada pessoa, faz toda diferença. Imagina pensar em um roteiro pronto para se relacionar? Não me parece nada atraente.


O sentir possibilita autoconhecimento e apresenta alguns significados que abrem compreensões distintas das que habitualmente temos como respostas padrões para lidar com a vida.


E por falar em padrões, o que se sente pode nos salvar dos engessamentos pré-determinados.


E conflito não lidado, que vira confronto e violências, começa no exercício de silenciar o que se sente. A prática se ancora em se repetir algumas frases, em uma voz que grita dentro para não dar para escutar mais nada. Os ditos “eu sempre consegui, não vai ser desta vez que vou desistir”, “já passei por coisa pior”, “amanhã, será novo dia” vão virando mantras e de afirmativa em afirmativa, que trazem o objetivo único de superar e aguentar, as dores se presentificam e ficam ali pulsando até que um dia algo, que nem se sabe nomear, explode ou te implode.


Dá sempre para se vulnerabilizar. E neste lugar a voz tem eco dentro e fora.


Atualmente, um dos critérios que me acompanha para que eu possa saber se é possível seguir a relação é: posso me expor, perder a defesa, contar o que sinto, estar vulnerável? Se sim, então vale compartilhar a existência, aquela que é viva e que sente com essa pessoa ou este grupo.


Em diálogo e reflexões, com espaço para verdades, mesmo as mais difíceis, seguimos nos encontrando.



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